Eficiência Energética na Refrigeração: Reduzindo Custos na Casa de Máquinas

Júlio Ribeiro

8/26/20254 min read

Nos supermercados, a refrigeração é responsável por uma das maiores parcelas do consumo de energia elétrica. Afinal, câmaras frias, balcões e expositores funcionam 24 horas por dia, garantindo que carnes, laticínios, frutas e congelados se mantenham dentro dos padrões de conservação. O problema é que esse consumo constante pesa diretamente na conta de luz e, por consequência, na lucratividade da operação.

A boa notícia é que existem diversas estratégias para tornar a casa de máquinas mais eficiente, reduzindo custos sem comprometer a segurança dos alimentos. Neste artigo, vamos explicar de forma simples e prática como gestores, técnicos e até proprietários podem adotar medidas de eficiência energética, economizar dinheiro e ainda contribuir para a sustentabilidade.

O que é Eficiência Energética na Refrigeração?

Eficiência energética significa usar menos energia para realizar a mesma tarefa. No caso da refrigeração, é manter os alimentos nas temperaturas ideais com o menor consumo possível de eletricidade.

Quando um sistema está mal ajustado, sujo ou obsoleto, ele precisa “se esforçar” mais para entregar o mesmo resultado. Isso gera desperdício de energia, aumenta o risco de falhas e pode até comprometer a qualidade dos produtos armazenados. Já um sistema eficiente consome menos, dura mais tempo e oferece maior segurança operacional.

Estratégias para Reduzir o Consumo na Casa de Máquinas

1. Uso de Inversores de Frequência

Uma das tecnologias mais eficazes é o inversor de frequência, também conhecido como VFD (Variable Frequency Drive). Ele permite que motores de compressores e ventiladores funcionem em diferentes velocidades, de acordo com a real necessidade do sistema.

  • Sem inversor: o compressor liga e desliga em ciclos, gerando picos de energia a cada partida.

  • Com inversor: o motor ajusta sua rotação continuamente, evitando picos e economizando energia.

Na prática, isso significa que, em horários de menor movimento ou carga térmica mais baixa, o compressor pode trabalhar em velocidade reduzida, gastando menos eletricidade. Além da economia, os inversores aumentam a vida útil dos equipamentos, pois reduzem esforços mecânicos e elétricos.

2. Manutenção Preventiva Adequada

De nada adianta ter equipamentos modernos se eles não são bem cuidados. A manutenção preventiva é um dos pilares da eficiência energética.

  • Limpeza de condensadores e evaporadores: sujeira e poeira dificultam a troca de calor, fazendo o compressor trabalhar mais do que o necessário.

  • Filtros limpos: filtros obstruídos reduzem o fluxo de ar e aumentam o consumo dos ventiladores.

  • Verificação de vazamentos de gás: quando o nível de refrigerante está baixo, o sistema precisa funcionar mais tempo para alcançar a temperatura desejada.

  • Lubrificação de rolamentos e motores: reduz o atrito e evita sobrecarga elétrica.

Um sistema limpo e ajustado consome menos e apresenta menos riscos de falha inesperada.

3. Otimização de Setpoints

O setpoint é o ponto de ajuste de temperatura e pressão definido no sistema. Ajustá-lo corretamente faz grande diferença.

  • Temperaturas: evite resfriar além do necessário. Manter uma câmara de carnes a 0 °C quando a norma pede +4 °C gera gasto extra sem necessidade.

  • Pressões: pressão de condensação e evaporação devem ser reguladas conforme a condição ambiente. Isso evita que o compressor trabalhe em excesso.

  • Controle preciso: pequenos ajustes de 1 °C podem representar até 5% de redução no consumo de energia.

Essa otimização garante que o sistema trabalhe exatamente dentro da necessidade, sem “exageros” que apenas aumentam a conta de luz.

4. Recuperação de Calor

Pouca gente sabe, mas o calor expelido pelos condensadores pode ser reaproveitado. Em vez de simplesmente dissipá-lo no ambiente, é possível instalar sistemas de recuperação que transformam esse calor em energia útil.

  • Aquecimento de água: a água aquecida pode ser usada em banheiros, lavanderias ou higienização de áreas de produção.

  • Climatização: em climas frios, o calor pode ajudar a aquecer escritórios e áreas de atendimento.

  • Sustentabilidade: além da economia, reduz a necessidade de aquecedores elétricos ou a gás, diminuindo as emissões de carbono.

Essa prática transforma um “desperdício” em economia real.

Benefícios da Eficiência Energética

Adotar as medidas citadas traz vantagens diretas:

  • Redução de custos operacionais: em alguns casos, a economia pode chegar a 20–30% na conta de energia da refrigeração.

  • Maior vida útil dos equipamentos: inversores e manutenção adequada evitam sobrecarga e falhas prematuras.

  • Conservação de alimentos garantida: operar no setpoint correto evita oscilações de temperatura que podem comprometer a qualidade dos produtos.

  • Sustentabilidade: menos consumo de energia significa menor emissão de gases de efeito estufa, contribuindo para metas ambientais.

  • Retorno sobre o investimento: tecnologias como inversores de frequência se pagam rapidamente com a redução da conta de energia.

Exemplos Práticos de Economia

Imagine um supermercado médio que gasta R$ 40.000 por mês em energia elétrica. Se a refrigeração representa 40% desse valor (R$ 16.000), uma redução de 20% no consumo já representa R$ 3.200 de economia mensal, ou quase R$ 40.000 por ano.

Somado ao prolongamento da vida útil dos compressores, ventiladores e condensadores, o retorno do investimento em manutenção e modernização é rápido e consistente.

Como Implementar na Prática?

  1. Faça um diagnóstico: entenda onde estão os maiores pontos de consumo e desperdício na sua casa de máquinas.

  2. Defina prioridades: às vezes, uma simples limpeza e ajuste de setpoints já trazem resultados imediatos.

  3. Invista em tecnologia: considere instalar inversores de frequência em compressores e ventiladores.

  4. Estabeleça rotinas de manutenção: crie um calendário de inspeções e limpezas para manter o desempenho sempre em alta.

  5. Avalie a recuperação de calor: estude a viabilidade de usar o calor do condensador em outros processos.

Conclusão

A eficiência energética na refrigeração não é apenas uma tendência: é uma necessidade para supermercados que buscam competitividade. Reduzir custos sem comprometer a segurança alimentar é totalmente possível quando se alia tecnologia, manutenção preventiva e ajustes operacionais inteligentes.

Ao investir em eficiência, o supermercado não apenas economiza, mas também fortalece sua imagem sustentável perante clientes e parceiros.